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O que me importa!

Estava eu no ônibus, pra variar lotado, olhando as pessoas e suas manias, reparando como cada uma faz pra passar o tempo que tem que ficar ali, amassadas e apertadas umas com as outras e inevitavelmente em um momento de vulnerabilidade diante pessoas que nunca viram antes (é, eu observo pessoas). 

Nessas viagens têm de tudo, as pessoas que ignoram todo o resto e fingem estarem sozinhas, os simpáticos do ônibus que ficam puxando assunto com todos que chegam perto, os que já vieram com suas companhias e querem colocar seus assuntos em dia, os dj’s que ignoram a criação de um objeto chamado fone de ouvido, os que colocam o tal fone no ouvido e parecem serem transportados para outra dimensão. 

E nessa minha observação percebi três meninas que estavam juntas e rindo muito. Pensei comigo, essas meninas parecem felizes, devem estar mesmo falando de alguma coisa em comum que as deixam nesse estado de graça. Mas antes que eu pudesse viajar na batatinha buscando na minha cabeça os motivos que me deixavam assim quando eu tinha aproximadamente a idade delas eu percebi que elas estavam rindo sim, mas não era de feliz, era de outras pessoas. Então fiquei incomodada. Deveras incomodada.
 
Via de regra sou uma pessoa bem humorada. O que realmente me tira do eixo é ver pessoas julgando outras pela maneiras como se vestem, como se moqueiam,  pelas formas de seu corpo ou pior ainda (e isso é bem mais comum do que se imagina, já flagrei várias pessoas que a princípio são bem informadas com esse tipo de comentários) pela maneira como fazem as tarefas mais rotineiras do dia a dia, como estender roupa no varal, limpar o páteo, como cozinham ou se cozinham.
 
É triste ver seres humanos, os animais mais desenvolvidos, os que têm polegar opositor, os que criaram a organização em sociedade, os que desvendam os mistérios da medicina e da ciência, os que criam sistemas de informação que dominam o mundo sendo tão mediocremente julgados pelos critérios mais escusos que se pode imaginar.
 
O triste é que na maior parte das vezes são mulheres a julgar outras mulheres de maneira sexista e preconceituosa, se colocando numa posição de inferioridade de gênero, como se a sua única função fosse agradar o marido ou namorado e servir a família. Acreditem são mulheres. E mulheres novas que usam uma capa de moderninhas, mas que agem como que na década de 20.
 
Para mim, o que realmente importa em um terceiro independente de ser homem ou mulher são coisas que exigem uma sensibilidade maior pra observar. Eu observo nas pessoas que me rodeiam se elas são pessoas que se importam com os outros, mas percebam que é se importar com as pessoas não com o que lhes acontece em sua intimidade. 

É se importar se a pessoa está feliz, se ela está realizada e não com O QUÊ. Me importa em qual é a reação que essa pessoa vai ter ao passar por um morador de rua, será que ela vai ter compaixão? Será que ela vai se importar de ver um semelhante numa situação degradante? Ou será que ela vai ter asco. Já vi gente bonita, com unhas feitas e cabelo escovado usando roupa de marca sapatear em um biscoito que caiu no chão pra o mendigo não pegar. 

Preciso saber se quando a gente precisar simplesmente de um abraço e uma palavra de afeto pode contar com essa pessoa ou ela vai ficar colocando lenha na fogueira. 

Me importo em saber se essa pessoa vai admirar um Pôr-do-Sol de qualquer lugar que seja, nem que esse lugar seja a janela do ônibus. 

Preciso saber se essa pessoa tem um pouco de humanidade dentro dela, ou se é fria feito pedra!
 
Gosto das pessoas pelo que elas fazem por outras pessoas! Gosto das pessoas pelo que elas são e não pelo quanto elas tem! Gosto das pessoas pela capacidade que elas têm em ajudar e gostar de outras, de se sensibilizar com as coisas simples da vida.